O júri dos Prémios
AICA/MC/Millennium bcp 2024, composto por Ana Tostões, que presidiu, Emília
Tavares, João Mourão, Marta Sequeira e Susana Ventura, decidiu, por unanimidade,
atribuir o Prémio de Artes Visuais a Júlia Ventura, pelas exposições Júlia Ventura 1975-1983 na
Culturgest e Irreversível, no Lumiar Cité e o Prémio de Arquitetura a
Pedro Domingos, distinguindo duas obras concluídas nesse ano — a Casa na
Bordeira e em Colmeal, no Algarve —, enquadradas num já vasto percurso
profissional evidenciado em equipamentos públicos que, nos últimos anos, se tem
afirmado de forma notória na cultura arquitetónica portuguesa.
Prémio
AICA/MC/Millennium bcp 2024 de Artes Visuais
De acordo com a ata da reunião, o
júri considerou que a obra da artista Júlia Ventura reveste-se de uma singular
reflexão e trabalho performativo sobre a autorrepresentação, as questões de
género e de identidade. A sua exposição Júlia Ventura 1975-1983 na
Culturgest, revelou a pertinência do seu trabalho, como uma das primeiras
artistas, no pós 25 de abril, a explorar os temas referidos na arte portuguesa.
O seu trabalho contribui de modo afirmativo para a instauração de uma linguagem
particular na fotografia portuguesa contemporânea, explorando a dimensão social
e política da autorrepresentação e da identidade. Constata-se também a
renovação da sua linguagem e pensamento crítico sobre o poder da imagem,
evidente na exposição Irreversível, apresentada no Lumiar Cité.”
Prémio
AICA/MC/Millennium bcp 2024 de Arquitetura
Na ata da reunião, o júri
considera que as obras do Arquiteto Pedro Domingos reiteram o rigor formal e a
clareza construtiva de uma prática que parte sempre do diálogo atento e
sensível com o território. A depuração das suas formas não resulta de qualquer
desejo de abstração, mas da capacidade de traduzir em arquitetura as
fragilidades e as potencialidades de uma paisagem em transformação.
Estas
qualidades não se limitam, contudo, à escala doméstica. Já se haviam
evidenciado em equipamentos públicos como a Escola Básica e Secundária de Sever
do Vouga (2014) e a Biblioteca e Arquivo Municipal de Grândola (em coautoria
com Pedro Matos Gameiro, 2022), e confirmam-se nos dois primeiros prémios
obtidos em concursos do IHRU para habitação coletiva acessível em Setúbal e
Almada, atualmente em fase de construção. Nestes projetos, Pedro Domingos
demonstra que o mesmo rigor, que estrutura a casa, pode igualmente organizar a
cidade, afirmando a pertinência social e urbana do seu trabalho.
Importa
sublinhar, também, a forma como Pedro Domingos tem sabido trabalhar em parceria
com diferentes arquitetos, num verdadeiro espírito de generosidade intelectual,
reforçando a dimensão coletiva e ética da sua ação.
A
atribuição do prémio reconhece, assim, uma prática de continuidade e de
resistência: continuidade, pela fidelidade a um entendimento disciplinar da
arquitetura como expressão da cultura e do território; resistência, pela
insistência em afirmar, militantemente e contra todas as pressões, que a
Arquitetura é ainda uma forma de missão.
A cerimónia de entrega dos Prémios terá
lugar a 15 de dezembro, pelas 18h00, no Centro Cultural de Belém, Sala Jorge de
Sena e contará com a presença de S. Ex.ª a Ministra da Cultura, Juventude e
Desporto, Margarida Balseiro Lopes e do Presidente do Conselho de Administração
da Fundação Millennium bcp, Embaixador António Monteiro.





